segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI PARA O 44º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Queridos irmãos e irmãs!

O tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais – “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra” – insere-se perfeitamente no trajeto do Ano Sacerdotal e traz à ribalta a reflexão sobre um âmbito vasto e delicado da pastoral como é o da comunicação e do mundo digital, que oferece ao sacerdote novas possibilidades para exercer o seu serviço à Palavra e da Palavra. Os meios modernos de comunicação fazem parte, desde há muito tempo, dos instrumentos ordinários através dos quais as comunidades eclesiais se exprimem, entrando em contacto com o seu próprio território e estabelecendo, muito frequentemente, formas de diálogo mais abrangentes, mas a sua recente e incisiva difusão e a sua notável influência tornam cada vez mais importante e útil o seu uso no ministério sacerdotal.
A tarefa primária do sacerdote é anunciar Cristo, Palavra de Deus encarnada, e comunicar a multiforme graça divina portadora de salvação mediante os sacramentos. Convocada pela Palavra, a Igreja coloca-se como sinal e instrumento da comunhão que Deus realiza com o homem e que todo o sacerdote é chamado a edificar n’Ele e com Ele. Aqui reside a altíssima dignidade e beleza da missão sacerdotal, na qual se concretiza de modo privilegiado aquilo que afirma o apóstolo Paulo: «Na verdade, a Escritura diz: “Todo aquele que acreditar no Senhor não será confundido”. […] Portanto, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas como hão de invocar Aquele em quem não acreditam? E como hão de acreditar n’Aquele de quem não ouviram falar? E como hão de ouvir falar, se não houver quem lhes pregue? E como hão de pregar, se não forem enviados?» (Rm 10,11.13-15).
Hoje, para dar respostas adequadas a estas questões no âmbito das grandes mudanças culturais, particularmente sentidas no mundo juvenil, tornaram-se um instrumento útil as vias de comunicação abertas pelas conquistas tecnológicas. De fato, pondo à nossa disposição meios que permitem uma capacidade de expressão praticamente ilimitada, o mundo digital abre perspectivas e concretizações notáveis ao incitamento paulino: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16). Por conseguinte, com a sua difusão, não só aumenta a responsabilidade do anúncio, mas esta torna-se também mais premente reclamando um compromisso mais motivado e eficaz. A este respeito, o sacerdote acaba por encontrar-se como que no limiar de uma «história nova», porque quanto mais intensas forem as relações criadas pelas modernas tecnologias e mais ampliadas forem as fronteiras pelo mundo digital, tanto mais será chamado o sacerdote a ocupar-se disso pastoralmente, multiplicando o seu empenho em colocar os media ao serviço da Palavra.
Contudo, a divulgação dos “multimídia” e o diversificado «espectro de funções» da própria comunicação podem comportar o risco de uma utilização determinada principalmente pela mera exigência de marcar presença e de considerar erroneamente a internet apenas como um espaço a ser ocupado. Ora, aos presbíteros é pedida a capacidade de estarem presentes no mundo digital em constante fidelidade à mensagem evangélica, para desempenharem o próprio papel de animadores de comunidades, que hoje se exprimem cada vez mais frequentemente através das muitas «vozes» que surgem do mundo digital, e anunciar o Evangelho recorrendo não só aos media tradicionais, mas também ao contributo da nova geração de audiovisuais (fotografia, vídeo, animações, blogues, páginas internet) que representam ocasiões inéditas de diálogo e meios úteis inclusive para a evangelização e a catequese.
Através dos meios modernos de comunicação, o sacerdote poderá dar a conhecer a vida da Igreja e ajudar os homens de hoje a descobrirem o rosto de Cristo, conjugando o uso oportuno e competente de tais meios – adquirido já no período de formação – com uma sólida preparação teológica e uma espiritualidade sacerdotal forte, alimentada pelo diálogo contínuo com o Senhor. No impacto com o mundo digital, mais do que a mão do operador dos media, o presbítero deve fazer transparecer o seu coração de consagrado, para dar uma alma não só ao seu serviço pastoral, mas também ao fluxo comunicativo ininterrupto da «rede».
Também no mundo digital deve ficar patente que a amorosa atenção de Deus em Cristo por nós não é algo do passado nem uma teoria erudita, mas uma realidade absolutamente concreta e atual. De fato, a pastoral no mundo digital há de conseguir mostrar, aos homens do nosso tempo e à humanidade desorientada de hoje, que «Deus está próximo, que, em Cristo, somos todos parte uns dos outros» [Bento XVI, Discurso à Cúria Romana na apresentação dos votos de Natal: «L’Osservatore Romano» (21-22 de Dezembro de 2009) pág. 6].
Quem melhor do que um homem de Deus poderá desenvolver e pôr em prática, mediante as próprias competências no âmbito dos novos meios digitais, uma pastoral que torne Deus vivo e atual na realidade de hoje e apresente a sabedoria religiosa do passado como riqueza donde haurir para se viver dignamente o tempo presente e construir adequadamente o futuro? A tarefa de quem opera, como consagrado, nos media é aplanar a estrada para novos encontros, assegurando sempre a qualidade do contacto humano e a atenção às pessoas e às suas verdadeiras necessidades espirituais; oferecendo, às pessoas que vivem nesta nossa era «digital», os sinais necessários para reconhecerem o Senhor; dando-lhes a oportunidade de se educarem para a expectativa e a esperança, abeirando-se da Palavra de Deus que salva e favorece o desenvolvimento humano integral. A Palavra poderá assim fazer-se ao largo no meio das numerosas encruzilhadas criadas pelo denso emaranhado das auto-estradas que sulcam o ciberespaço e afirmar o direito de cidadania de Deus em todas as épocas, a fim de que, através das novas formas de comunicação, Ele possa passar pelas ruas das cidades e deter-se no limiar das casas e dos corações, fazendo ouvir de novo a sua voz: «Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo» (Ap 3, 20).
Na Mensagem do ano passado para idêntica ocasião, encorajei os responsáveis pelos processos de comunicação a promoverem uma cultura que respeite a dignidade e o valor da pessoa humana. Este é um dos caminhos onde a Igreja é chamada a exercer uma “diaconia da cultura” no atual «continente digital». Com o Evangelho nas mãos e no coração, é preciso reafirmar que é tempo também de continuar a preparar caminhos que conduzam à Palavra de Deus, não descurando uma atenção particular por quem se encontra em condição de busca, mas antes procurando mantê-la desperta como primeiro passo para a evangelização. Efetivamente, uma pastoral no mundo digital é chamada a ter em conta também aqueles que não acreditam, caíram no desânimo e cultivam no coração desejos de absoluto e de verdades não caducas, dado que os novos meios permitem entrar em contacto com crentes de todas as religiões, com não-crentes e pessoas de todas as culturas. Do mesmo modo que o profeta Isaías chegou a imaginar uma casa de oração para todos os povos (cf. Is 56,7), não se poderá porventura prever que a internet possa dar espaço – como o «pátio dos gentios» do Templo de Jerusalém – também àqueles para quem Deus é ainda um desconhecido?
O desenvolvimento das novas tecnologias e, na sua dimensão global, todo o mundo digital representam um grande recurso, tanto para a humanidade no seu todo como para o homem na singularidade do seu ser, e um estímulo para o confronto e o diálogo. Mas aquelas apresentam-se igualmente como uma grande oportunidade para os crentes. De fato nenhum caminho pode, nem deve, ser vedado a quem, em nome de Cristo ressuscitado, se empenha em tornar-se cada vez mais solidário com o homem. Por conseguinte e antes de mais nada, os novos media oferecem aos presbíteros perspectivas sempre novas e, pastoralmente, ilimitadas, que os solicitam a valorizar a dimensão universal da Igreja para uma comunhão ampla e concreta; a ser no mundo de hoje testemunhas da vida sempre nova, gerada pela escuta do Evangelho de Jesus, o Filho eterno que veio ao nosso meio para nos salvar. Mas, é preciso não esquecer que a fecundidade do ministério sacerdotal deriva primariamente de Cristo encontrado e escutado na oração, anunciado com a pregação e o testemunho da vida, conhecido, amado e celebrado nos sacramentos sobretudo da Santíssima Eucaristia e da Reconciliação.
A vós, queridos Sacerdotes, renovo o convite a que aproveiteis com sabedoria as singulares oportunidades oferecidas pela comunicação moderna. Que o Senhor vos torne apaixonados anunciadores da Boa Nova na «ágora» moderna criada pelos meios atuais de comunicação.
Com estes votos, invoco sobre vós a proteção da Mãe de Deus e do Santo Cura d’Ars e, com afeto, concedo a cada um a Bênção Apostólica.

Vaticano, 24 de Janeiro – Festa de São Francisco de Sales – de 2010.
BENEDICTUS PP. XVI

domingo, 24 de janeiro de 2010

Cartaz da CF 2010


Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt 6,24). Com esta frase em destaque, o cartaz desta Campanha da Fraternidade representa o desafio de uma escolha cotidiana em nossa vida. O fundo escuro evoca a penumbra de um templo onde, no recolhimento da oração, as mãos em atitude de súplica diante de uma vela feita não de cera, mas de dinheiro, revelam o drama do ser humano que precisa de bens materiais para satisfazer suas necessidades, mas que pode também se tornar escravo da ganância. Aquelas mãos suplicantes dirigem uma prece a Deus, ou ao Dinheiro como se fosse Deus? É a luz de Deus que ilumina ou é o cintilar do ouro que atrai? O dinheiro é necessário no mundo dominado pelo mercado, onde tudo se compra e se vende. Precisa-se de dinheiro para comprar alimentos, roupa, para cuidar da saúde, para pagar o colégio, para adquirir a moradia e custear o lazer. O cintilar do ouro e das moedas, porém, se mistura facilmente com a ambição e o desamor. Você pode se tornar escravo dos bens materiais e depositar neles a sua segurança. Você pode viver acumulando dinheiro e propriedades como se deles dependesse a sua vida. Você não pensa que seus bens podem ser supérfluos e suas necessidades podem ser imaginárias, induzidas pela propaganda, pela moda, pelas promoções de fim de semana. Você também acaba esquecendo que há crianças abandonadas, pobres morando nas ruas, pessoas famintas e doentes, e fica cuidando do seu dinheiro como se fosse Deus, fechando os olhos sobre as necessidades do próximo. Este Cartaz convida você a se libertar da dependência dos bens materiais. A pôr a sua confiança em Deus. A fugir da ganância e do egoísmo. A cultivar sentimentos de fraternidade. A contribuir com o seu trabalho e os seus bens, para a construção de um mundo mais justo e solidário.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Oração CF 2010


Ó Deus criador, do qual tudo nos vem, nós te louvamos pela beleza e perfeição de tudo que existe como dádiva gratuita para a vida.
Nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica, acolhemos a graça da unidade e da convivência fraterna, aprendendo a ser fiéis ao Evangelho. Ilumina, ó Deus, nossas mentes para compreender que a boa nova que vem de ti é amor, compromisso e partilha entre todos nós, teus filhos e filhas.
Reconhecemos nossos pecados de omissão diante das injustiças que causam exclusão social e miséria. Pedimos por todas as pessoas que trabalham na promoção do bem comum e na condução de uma economia a serviço da vida.
Guiados pelo teu Espírito, queremos viver o serviço e a comunhão, promovendo uma economia fraterna e solidária, para que a nossa sociedade acolha a vinda do teu reino.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.

Hino CF 2010 Campanha da Fraternidade Composição: João Rothe Machado / Pe. José Weber, Svd

Jesus cristo anunciava por primeiro
Um novo reino de justiça e seus valores: (mt 4,17)
“vós não podeis servir a deus e ao dinheiro
E muito menos agradar a dois senhores”. (mt 6,24)

Voz de um profeta contra o ídolo e a cobiça:
“endireitai hoje os caminhos do senhor!” (mt 3,3)
Produzi frutos de partilha e de justiça! (lc 3,8.11)
Chegou o reino: convertei-vos ao amor! (mt 3,2)

Não é a riqueza nem o lucro sem medida
Que geram paz e laços de fraternidade; (lc 16,19-31)
Mas todo o gesto de partilha em nossa vida (mc 12,42-44)
Que faz a fé se transformar em caridade. (gl 5,6)

No evangelho encontrareis a luz divina,
Não no supérfluo, na ganância e na ambição.
Ide e vivei a boa-nova que ilumina (mt 7,21)
E a palavra da fraterna comunhão. (mt 18,20)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Vida e esperança... Ampliar o espaço de sua tenda (Is. 54,2)


A luz da palavra de Deus a vida consagrada deve ser fonte, casa e tornar visível as maravilhas de Deus sendo presença viva de esperança capaz de matar qualquer sede, curar qualquer ferida, saciando todo desejo sedento de Deus e de amor, de liberdade e paz. Somos convidadas (os) a aumentar o espaço da nossa tenda, alargando o coração para acolher as pessoas de maneira que possam respirar aliviadas/os, sem medo para que as veias e os capilares tenham passagem livre com, mas oxigênio refrescante e puro, revitalizando desbloqueando os canais que os impedem fazer o seu processo natural com liberdade, tranqüilidade e segurança no amor de Deus.

O desafio é estar disposta (o) a desapegar-se das coisas, hábitos velhos para aprender novamente mudar por uma nova estrutura de liberdade e esperança.

Fincar as estacas com profundidade, na intimidade e amizade com Deus. Adquirir forças e acreditar Que Jesus é nosso guia, e Maria nossa mãe intercessora, e assim somos fortalecidas na fé, esperança, solidariedade e serviço, sendo presença de fraternidade. com a humanidade e em especial os esquecidos.

Jesus Cristo chamou quem ele quis! Porque confia nas nossas possibilidades, potencialidades que cada uma/um tem, mesmo conhecendo as fragilidades, limitações, e imperfeições do ser humano(Mc 3,13).para dar continuidade a sua missão no mundo.

Em fim todas(os) somos convidadas/os e privilegiadas/os a conhecer a pessoa de Jesus no más intimo da oração. Sem esse tempo, não posso, estar em sintonia com Deus e seu filho Jesus, não podemos viver o ser consagradas/os pois, estamos vivendo uma vida sem fundamento, dando maus exemplos de vida, no ser e no agir.

Ir. Maria Albina

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Missão das Irmãs Servas de Maria Reparadoras em Santa Rosa do Purus



Em Santa Rosa do Purus, a Congregação das Servas de Maria Reparadoras está inserida em uma missão muito desafiadora. A localização geográfica, as condições de transporte e a realidade de isolamento do município são fatores que constantemente apresentam situação de risco para as irmãs que desenvolvem atividades missionárias nesta realidade, haja vitso, que Santa Rosa do Purus está situada numa área de fronteira isolada do Estado e do Mundo, onde a população só tem acesso a dois tipos de transporte: Aéreo em aviões de pequeno porte e barcos clandestinos que navegam sem segurança e fiscalização. De avião o percurso do município para a capital é de uma hora e vinte minutos e de barcos são cinco dias de viagem viajando dia e noite no terceiro maior Rio da Amazônia tanto em volume de água como em extensão geográfica.
Em virtude da carência de pessoas qualificadas e habilidades para trabalhar na área da saúde e da educação do município nossa missão tem sido vinculada a Secretaria municipal de educação e a secretaria de saúde, como técnicas e especialistas nestas áreas, assumimos um serviço missionário profissional tanto com as comunidades indígenas como com as não-indígenas. Na área da saúde, desenvolvemos um trabalho preventivo, com muito respeito à crença na força da natureza, no uso da medicina natural praticada pelas culturas indígenas que acreditam na pajelança, nos rituais e na cura que vem por meio dos espíritos, quando são invocados através das danças de mariry, e dos rituais religiosos.
Na área da educação trabalhamos a proposta de educação diferenciada, considerando que a educação indígena compreende os processos pelos quais esses povos asseguram seus projetos de futuro, reproduzindo e reconstruindo a identidade, a tradição, os saberes, os valores, os padrões de comportamento e de relacionamento, na dinâmica própria de suas culturas.
Através da Secretaria de educação estamos elaborando e desenvolvendo vários projetos na área de meio ambiente: manejo de lagos, de rios, igarapés, de caça, palha, e madeira de lei, tudo para garantir a sobrevivência deste povo na floresta.
Antes das demarcações das terras indígenas não era necessário tanta preocupa com a preservação do meio ambiente e com a agricultura de substância nas aldeias, eram épocas de muita fartura de caça, peixe alimentos naturais extraídos da própria natureza. Quando os alimentos acabavam em um lugar a comunidade transferia-se para outro, e só retornava depois de muitos anos, quando a natureza já tinha se recomposto. Mais com as demarcações das terras indígenas cada comunidade recebeu sua área de terra e não pode mais migrar para outras terras, as caças e os peixes com o tempo se tornam escassas, assim como o palmito, cagaço, uricuri, pama, manixi, cajarana, bacuri, jarina, jenipapo e tantos outros frutos que eram utilizados como alimento nas comunidades indígenas. Por esta razão hoje as comunidades indígenas estão passando muitas necessidades, a fome é grande nas aldeias.
Tendo em vista nossa função de promover a vida, e a justiça social, sabemos que um sistema de saúde e de educação de qualidade é de fundamental importância o desenvolvimento das comunidades indígenas e não - indígenas do município, por esta razão tomamos a iniciativa de elaborar projetos de educação diferenciada, de manejo, de incentivo ao cultivo de plantas medicinas e agricultura de subsistência para que as comunidades indígenas tenham acesso a uma alimentação mais nutritiva de acordo com seus hábitos alimentares evitando problemas de saúde como anemia, desnutrição e outros.
E como presente de Deus neste contexto tão complexo, temos o privilegio de conhecer e compartilhar de forma concreta da missão do Frei Paolino nas margens do Rio Purus, de modo especial nas comunidades indígenas. Em suas viagens missionárias, Frei Paolino, sempre reserva um tempo para nos situar nesta realidade marcada por tantas contradições, muita pobreza, exploração, discriminação que tem origem, sobretudo, nas diferenças culturais e sociais. Como um mestre de solidariedade Pe. Paolino orienta-nos, incentiva-nos, é solidário às nossas dificuldades, compreende nossas limitações, mas sempre espera e exige uma ação corajosa de nossa parte frente aos desafios da missão.
Para a população de santa Rosa, Frei Paolino é um profeta visionário, cheio de compaixão e de indignação pelos sofredores e empobrecidos desta realidade. Ele sempre luta por uma sociedade assentada na justiça societária, onde a vida seja respeitada e reine a solidariedade e a fraternidade e não a injustiça e a desigualdade, onde a riqueza de poucos é feita à custa da pobreza de muitos.
E para nós servas de Maria Reparadoras, compartilhar da missão deste Servo de Maria, é ter oportunidade de rever nossos valores carismáticos, sobretudo no que se refere a simplicidade de vida, o despojamento, o desapego material...É assumir uma atitude de fé, fazendo a experiência do pobre vivendo a pobreza junto com eles, expostas aos desafios e aos riscos que a missão nos impõe com a certeza estamos dando continuidade ao projeto de missão almejado por Madre Elisa.
O trabalho com as comunidades indígenas é muito gratificante, principalmente para quem compreende que o convívio com outras culturas e de modo especial com as culturas tradicionais é uma porta que se abre para um mundo sem fronteira, para uma consciência planetária, onde as diferenças culturais, políticas, religiosas e econômicas se tornam oportunidades de crescimento pessoal, profissional e espiritual.
Santa Rosa do Purus é formada por uma população pluricultural. 60% dos habitantes do município são indígenas. São quatro etnias diferentes que falam idiomas diferentes,“é uma Torre de Babel”. Além disso, por estamos numa área de fronteira com Peru, temos também um grande número de imigrantes peruanos que vem para o Brasil em busca melhores qualidades de vida, e aqui ficam na maioria das vezes de forma clandestina, aculturados, tentando sobreviver. E neste contexto estamos inseridas, cheias de esperança, vivendo o nosso carisma e a nossa espiritualidade junto a este povo que luta pelo resgate de suas culturas, pela reafirmação de suas identidades, e melhores qualidades de vida. Nesta realidade evangelizamos e somos evangelizadas. A convivência com as culturas primitivas e o contato direto com a natureza nos reporta a uma experiência mística semelhante as das primeiras comunidades cristãs: onde tudo é partilhado, sobretudo a esperança...
Ir. Socorro Siqueira